Placebo
Por Juliana Pires
Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)
Em determinadas situações, ao fazer o uso de determinados
fármacos acabam por surgir efeitos que não eram os esperados, ou seja, que não
decorrem de sua ação farmacológica, ou ainda, esses efeitos podem vir de
substâncias que nem sequer apresentam propriedades farmacológicas, sendo
substâncias inertes. Esses efeitos são conhecidos como placebo, e com todo o
avanço da medicina ainda permanecem como um mistério.
Placebo, do latim placere, significa “agradarei”, e segundo
o dicionário médico Hooper, significa “um fármaco ou procedimento inerte (sem
princípios ativos) que produz efeito benéfico ou maléfico à saúde de um
indivíduo”. Desta forma, ao ingerir uma pílula contendo açúcar ou amido, por
exemplo, a pessoa sentiria melhoras de determinada enfermidade, sendo atribuído
a essas substâncias as propriedades de cura. O placebo também pode existir em
outras formas, além de pílulas, como em cirurgias espirituais, certos tipos de
terapias alternativas, como os florais e cristais, e até em fármacos que
apresentam efeitos não decorrentes de sua ação.
Tem sua aplicação na indústria farmacêutica, para comprovar
a efetividade de fármacos, em estudo conhecido como duplo-cego. Nesta situação,
grupos de indivíduos são randomizados, onde um grupo receberá o medicamento em
estudo e, o outro, o placebo. Espera-se que somente o grupo que recebeu o
fármaco apresente os sintomas desejados, porém, uma porcentagem do grupo
placebo tende a apresentar as mesmas respostas.
Esse efeito foi observado inicialmente no século XVIII, pelo
médico Elisha Perkins (1796), que tratava seus pacientes com um aparelho
composto por duas varetas de metal, que ele patenteou como “Tractor Perkins”,
onde as agitava em torno do paciente para eliminar o fluído elétrico que
acreditava lhes causar o mal. Os efeitos despertaram o interesse do médico John
Haygarth, que fez uma réplica do aparelho, porém em madeira, e conseguiu provar
em um estudo controlado que, embora os efeitos produzidos pelo “Tractor
Perkins” fossem verdadeiros, os mesmos poderiam ser atingidos com a sua
réplica. Desta forma, conseguiu demonstrar que o uso de procedimentos embora
tidos como inertes na terapêutica, podem acarretar em resultados positivos aos
pacientes.
Desta forma, essa questão gera muita discussão na comunidade
médica, que vai além das comprovações científicas. Muitos acreditam que este
efeito seja puramente psicológico, decorrente da crença no tratamento, porém, o
percentual de efetividade desperta a curiosidade dos pesquisadores, que pode
chegar de 20% a 100% de respostas positivas nos indivíduos que fazem seu uso.
Como mencionado, não há uma explicação objetiva para o efeito placebo, porém
existem algumas teorias:
Condicionamento clássico ou Pavloviano: através de uma
resposta inconsciente, gradativamente há uma melhora nas condições fisiológicas
do indivíduo, que passa a se adaptar com o uso da substância. Com isto, a
pessoa que faz o uso da substância inerte várias vezes apresentará respostas
cada vez maiores. Também, pessoas que recebem o tratamento inicial com um
fármaco, e depois passam a receber o placebo, podem apresentar os mesmos
efeitos, com o organismo respondendo da mesma forma.
Mecanismo consciente de duas partes: nesse sentido ocorre a
expectativa de recompensa, onde a crença ativa a rede de recompensas no
cérebro, motivando o paciente e refletindo na sua recuperação; e a modulação da
ansiedade, onde o paciente ao ouvir do psicólogo, por exemplo, que a dor
reduzirá, apresentará redução da ansiedade devido à libertação de
neurotransmissores. Em ambos os casos, ao saber que estava fazendo o uso de um
placebo, o tratamento perderá seu efeito.
Contudo, vale ressaltar que os estudos científicos são
essenciais para a comprovação da eficácia farmacológica dos medicamentos, a fim
de evitar o surgimento de fármacos ineficazes no mercado.
Referências bibliográficas:
O placebo e seus efeitos. Disponível em
<http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3861/-1/o-placebo-e-seus-efeitos.html>.
O efeito placebo. Disponível em
<https://psicologado.com/psicologia-geral/o-efeito-placebo>.
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Texto reproduzido do site: infoescola.com
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